quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Fadas pra que te quero!









Pois é minha gente! Padrinhos Mágicos, série animada bacaninha, sinônimo de febre tanto na TV aberta como por assinatura, agora chega aos palcos. Isso mesmo que tu leu, rapá! Timmy Tunner e seus padrinhos-fadas desmiolados, Cosmo e Wanda em carne e osso pra pentelhada no Teatro!

A série criada pelo animador Butch Hartman, produzida pela Federator Studios e transmitida pela Disney e Nickelodeon, foi tirada das telinhas pra vida real, por uma iniciativa de produtores mexicanos. A peça deve ser apresentada no Cittibank Hall aqui no Rio e no Credicard Hall em Sampa (é impressão minha ou é questão de pouquíssimo tempo para que todas casas de show tenham nome de bancos e operadoras de telefone? Enfim...).








O espetáculo ao que tudo indica é de boa qualidade, como os detalhes dos padrinhos mágicos de entrarem em cena suspensos por fios bem fininhos (passando assim a mesma idéia do desenho que é a de sempre estarem flutuando), cenários que buscam fidelidade com a série, etc.
Porém, a grande sacada está no elenco, que é estrelado pelos dubladores, que cá pra nós, dão de 1000 nos originais!

Guilherme Briggs (Freakazoid, Dagget,Superman, Babão... ah diacho, é muito personagem pra citar) como Cosmo dá simplesmente um show à parte.

Aliás, o todo o elenco é do cacete, formado por grandes nomes da dublagem, arte da qual sou fã devoto e não é de hoje!

Saiba quem é quem:

TIMMY - Thiago Farias (esse moleque promete)

COSMO - Guilherme Briggs (dispenso comentários)

WANDA - Nair Amorim (a eterna Welma, do Scooby-Doo)

PAI - Jorge Vasconcellos (o Pai sem a voz dele não é nada)

MÃE - Élida Lastorina

CROCKER - Alexandre Moreno (Master Shake do Aquateam - f*da pra car*lho)

VICKY - Miriam Ficher (a super simpática e eterna dubladora da “jodie foster”)

(fonte : blog do Guilherme Briggs)



Agora mudando um pouco o rumo da prosa...











Já viram como as personagens em sua versão fantasiada ficaram um tanto....eh... estranhos? A questão aqui não é falar da sua confecção (até porque nem tem o que comentar) e sim demonstrar um exemplo prático de como é difícil dar tridimensionalidade a desenhos chapados (bidimensionais ao extremo, conhecidos também como desenhos "flat"). Se bem que já é complicado trabalhar mesmo em 2D com os personagens em questão justamente por serem flat demais ( bom acho melhor deixar essa última assunto pra outro post. voltemos ao assunto).

Personagens assim, têm sérias restrições quanto ao aproveitamento de suas poses. Dentro de um raciocínio de animação para TV, ou seja, Animação-Limitada (conhecida também como Animação Planejada ou Animação de recortes), essa lógica faz-se necessária, uma vez em que este processo se baseia em animar a menor quantidade de quadros possível para agilizar a produção,sempre trabalhando em cima de “recortes” (ou símbolos na nova linguagem vetorial). Sendo assim, há toda uma preocupação estética em não se desenhar personagens em posições que requerem um detalhamento mais elaborado.

É claro que durante a criação, o character designer (desenhista responsável pelo visual dos personagens) estuda os desenhos a fundo, porém dentro deste método de produção só se trabalha com aquelas poses que forem realmente necessárias ao episódio.

- "Tá legal, gênio! Só que ainda não explicou porque de tanto bla-bla-bla em cima disso?" -Vocês devem estar se perguntando.

Observem:











Dar tridimensionalidade a isso tudo pode acarretar numa certa descaracterização dos personagens, correndo o risco de perder desse modo,sua essência. Boa parte da gag de um personagem está diretamente associada a seu visual. Alguns recursos que valorizam o estilo gráfico dos padrinhos mágicos estão contidos no outline (linha de contorno) acentuado e poses geralmente fixas em 3/4 (que na linguagem de animação é a posição intermediária entre frente e perfil), com personagens de construção ora angulares, ora abaulados.















Esses são os pais do Timmy: A primeira vista, os personagens estão de frente, mas observando bem a relação rosto/tronco, é bem claro que estão sob a perspectiv
a de 3/4, um truque comum usado pelos animadores para obter uma leitura visual mais agradável . Veja também os traços angulares nas dobras dos braços e nos rostos em forma de "quina " assim como a geometrização nas mãos. Na linguagem 2d (bidimensional), essa fórmula funciona.















Agora saca só como fica essa lingu
agem quando é transposta para o universo tridimensional.
Há uma desarmonia marcante, principalmente no rosto do Pai. A iluminação do palco ajuda a demonstrar a dificuldade em se buscar um volume adequado ao rosto dele. Consegue-se o 3d, mas perde-se o appeal (apelo visual). Vai lá é apenas uma peça infantil, mas voltemos ao X da questão...

Lendo em alguns livros de animação e também artigos publicados em blogs de animadores respeitáveis,pude perceber que o que realmente “pega” na questão dos Padrinhos Mágicos é que seu design possui solidez e volumetria aparentes. Se você quer uma série com estilos semelhantes para comparação, posso citar os Flintstones. Eles possuem suas posições básicas bem resolvidas, tendo assim um legibilidade visual assustadora! Trocando em miúdos: Se fossem modelados em 3D, seriam mais interessantes do que o simpático pentelho do Timmy.



















Escolhi essa imagem dos flinstones, por ser apresentada de frente, pose rara de aparecer em seus episódios. Tanto o Fred quanto o Barney possuem toda sua essência (rostos bonachões e abrutalhados). Houve uma preocupação em se dar solidez e volumetria necessárias em qualquer perspectiva. Quer uma prova prática?


















Nada mais concreto do que usar um bonequinho colecionável do Fred como exemplo.

















Repare que mesmo em 3D, suas características se conservam.

















Flinstones pode ter sido concebido em 2D, mas todo seu estudo foi baseado em como seriam se fossem de carne e osso, o que pode dar um leque de opções muito diversificado para os animadores. Isso é um charme que só personagens cartunizados possui.




Mas voltando aos Padrinhos Mágicos, o que dizer sobre o crossover Jimmy vs. Timmy?
















Pra quem não sabe, foi um episódio onde Jimmy Newtron (um equivalente do “O Laboratório de Dexter" em 3D) troca de mundo com Timmy e seus padrinhos. A premissa até que é bacaninha, vamos ao que interessa:



















Mesmo que Jimmy Newtron tenha características expressivas peculiares, sua conversão ao estilo" chapadão" dos P. Mágicos torna-se mais aceitável. Bem ou mal, o espectador consegue se adaptar, buscando talvez instintivamente alguma semelhança ao Jimmy original através de sua interpretação.















Entretanto...































É bem complicado dizer o mesmo do Timmy em CG, pois por mais que se tente compensar em outros aspectos, o personagem perde tanto de seu apelo visual que acaba por ficar algo totalmente sem graça na tela. Nem sempre a conversão de um cartoon 2D p/ 3D e vice-versa possuem resultados satisfatórios. Sei que é um assunto que leva a várias discussões e poderia durar horas à fio, mas quero deixar bem claro que é só uma análise minha. Admiro os dois tipos de animação e apenas quis fazer uma crítica construtiva na medida do possível.

Para mim, o grande desafio em elaborar um bom character design é testar até onde vão os limites daquilo que é feito pela sua imaginação, independente de quantas restrições orçamentárias existam na produção. E acreditem, são poucos os feras que conseguem tal façanha (e invejo cada um deles hehehe - brincadeira)



















8 comentários:

Bebê da Keyle e do Fred disse...

Muito legal e interessante esse seu seu estudo, Gus. Pra mim sempre foi muito fáil e intuitivo fazer aqueles personagens em 2d para o meu projeto, mas acho que eu teria sérias dificuldades para transportar eles para 3d ou para criar outros personagens tridimensionalmente.

Fernando Zarur Brandi disse...

A questão da tri-dimensionalidade é velha. O jeito que como Gerald Mc Boing Boing andava e o próprio estilo de todo o desenho é bem chapado por definição. Mas o charme está exatamente nesse estilo.

Quando eu comecei a ler que tava soltando uma peça dos padrinhos mágicos eu pensei que fosse sem mascaras, na cara mesmo, tanto que a questão dos dubladores me fez achar meio estranho por questões de aparencia fisica similar aos personagens(Iria o Briggs usar uma super peruca verde?).

É aquela história. A turma do Timmy não foi criada pra parecer 3d. Fred Flintstone sim. Uma opção de estilo. Personagens 2D da Disney eram todos modelados, pra reforçar esse aspecto. Achei legal a idéia da peça, mas optando por mascaras com o rosto dos personagens acho que a produção arranjou um problema de appeal antes de mais nada. Nada que não possa ser esquecido com uma boa história...

Mishirika Kamikaze disse...

Isso aí. É o que eu tava tentando expor aqui. A fórmula dos padrinhos mágicos funciona bem desse jeito "chapadão" ( O desenho ao meu ver só peca um pouquinho na repetição de rostos - que mesmo sendo um truque pra dinamizar a produção, torna-se entediante).
Os mais puristas reclamam da falta de tridimensionalidade nos desenhos atuais... eu já sou bem mais moderado. Acho um preciosismo exacerbado.Só quis mesmo era dar ênfase na questão de tentarem dar um 3D em um model sheet não específico pra isso e como ele perde drasticamente as suas características (visto o crossover que mostrei).

Tb quis por esse tópico em alta pelo fato de ter feito o design de alguns personagens p/ um projeto à parte. Há algumas cenas no storyboard em que temos que repensar a construção do personagem por causa do seu estilo flat... as vezes é um saco, te confesso. Mas conseguimos contornar :)

Quanto ao lance do teatro,pensando bem no que vc disse, fico na dúvida se seria legal os dubladores interpretando ali na hora.
Se fosse uma produção nacional(a peça) e partissem do princípio de atores à carater mas sendo dublados, ficaria muito bacana ...Mas ia ser complicado mesmo assim hehehe (viajei bastante).

Bem ou mal, os bonecos ficaram mais interessantes do que aqueles como por exemplo, os do Teatro da Mônica. É irônico pq eles são bons exemplos de personagens 2d com aspectos tridimensionais. E em vez de capricharem me fazem aquelas coisas bizonhas pra criançada assistir. E se vc tiver espírito de porco (opa! eu tenho)fica mais entretido nas coxas da mônica e da magali hehehehe.

Valeu pela crítica rapá :P

Felipe Fernandes disse...

Padrinhos mágicos é um desenho fodão, mas essa parada de fazer musical/peça ou o que seja, sei lá, q ideiazinha cretina. Fazia um longa que acho que tinha mais haver com o produto.

Anônimo disse...

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A Rebel disse...

Cara, vi teu depoimento la no blog do Briggs sobre os documentarios que voces produziram sobre os dubladores e resolvi ver teu blog... Ficaram show, so pra deixar registrado, os documentarios que fizeram, parabens...
Com relacao aos padrinhos magicos, cara, num sabia que o Timmy tinha feito um crossover com o Jimmy... que legal, cara, sou super fa do Jimmy Newtron, em grande parte por conta da dublagem que foi feita, concordo com a falta de gra�a que ficou o Timmy 3d, mas parece que a galera meio que avacalhou com a versao do Timmy...
Valeu, Gustavo.... Abracao, velho

ana disse...

todo mundo aqui gosta de digitar
eu não passo da quarta linha
beijos, gustavo

: )

a a
n

_________/

Trinity disse...

Tipo assim, não sou especialista em 3d e afins, mas AMO os padrinhos mágicos.
Beijos
Trinity